sexta-feira, 26 de março de 2010

A CIDADE, O BAIRRO

O viver na cidade pode ser muito mais do que morar e trabalhar. A cidade pode ser um espaço cultural de aprendizagem. Como diz Paulo Freire em seu livro Política e Educação(1993), há um modo espontâneo, quase como se as Cidades gesticulassem ou andassem ou se movessem ou dissessem de si, falando quase como se as Cidades proclamassem feitos e fatos vividos nelas por mulheres e homens que por elas passaram, mas ficaram, um modo espontâneo, dizia eu, de as Cidades educarem.
Barros (2004) e Sturza (2005) trazem significados que definem uma estrutura ao nosso pensamento nessa pesquisa. Para Sturza podemos considerar que o bairro desempenha as suas funções estruturais tradicionais, que é ter uma colocação social (residencial), alguns geram economia, tem função política e são prestadores de serviço,tudo isso motivado pelo poder público e pela sociedade que o compõe. Para Barros, o bairro é o lugar, que é mediado pelas ruas e pela cidade, numa escala intermediária, mas com características próprias e é um espaço territorial, com suas divisões administrativas.
Podemos considerar que a rua, o bairro e a cidade instituem o primeiro espaço de formação da criança depois da família. O bairro também estabelece uma sensação de pertencimento maior que a cidade. Segundo Barros (2004): o bairro revela, antes de tudo, uma forma física, um pedaço urbano que cresce segundo tais eixos ou tais direções, e um determinado tamanho, seu traçado segue uma lógica espaço-social. Ou seja, o bairro é uma unidade morfológica espacial e morfológica social ao mesmo tempo...O bairro corresponde à dimensão de território ideal para a reivindicação coletiva. Esta especificidade do bairro torna-o uma unidade politicamente importante.
Na identificação dos perímetros ou limites de um bairro, na maioria das vezes usam-se as vias públicas (arruamentos). Mas conforme a situação esses limites podem ser claros ou difusos, ou seja, formais, oficiais, informais ou subjetivos:
Quase nunca as divisões oficiais coincidem com as subjetivas. As áreas têm que distinguir-se umas das outras, as fronteiras devem ter significado, com uma vida característica em comum. As divisões políticas e as divisões planificadoras são demasiado grandes. As delimitações mais claras de áreas subjetivas têm lugar quando barreiras físicas bem definidas coincidem com os esquemas cognitivos. (SOUZA, 1989, p. 140)
Podemos também considerar as produções simbólicas como os grafites, o acabamento das fachadas, as decorações dos ônibus, o estilo dos mercadinhos, bares e lojas populares que expressam a arte popular urbana não só nas periferias, mas também nas áreas centrais das cidades, “pois o bairro pode ser o lugar de reconhecimento, que põe à mostra a produção simbólica dos setores populares da cidade, não só na religiosidade festiva, mas também na expressividade estética”. (BARBERO, 1989)
Além disso, o bairro como a cidade pode oferecer uma formação para e pela cidadania e isso só é possível por intermédio da promoção e do desenvolvimento integral de todas e todos, estamos falando aqui das crianças, jovens, adultos e idosos e o grau das relações que eles estabelecem com o meio. Essa relação para nós pode ser um instrumento conceitual para a interpretação da realidade e para a formação de valores e de aprendizagem na paisagem.
Para refletir:
Após realizar o desenho do seu trajeto, observar com maior atenção os seus caminhos. Quais foram as suas impressões?
Qual a importância dessa atividade e como podemos dar continuidade a ela?
Indicação de leitura:
Freire, Paulo. Política e Educação. 5ª edição. Editora Cortez. São Paulo,2001

Um comentário:

  1. Otimo texto profa... esteja bem quando fizer a prova \o/ uahuahauhauhauhauhauhauua...

    Bjokas

    Luana

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